Troia Sagres 2008

São actividades como estas que fazem da pratica do BTT um desafio constante. Claro que teria preferido um lindo dia como o do ano passado, mas se tivesse de repetir, não iria perder por nada deste mundo.Cheguei ao barco perto das 6:40, já lá estava o Telmo. Pelo caminho para o cais caíram os primeiros pingos, nada de grave, mas durante a travessia do rio, a chuva embora fraca, veio para ficar.Como não tínhamos ninguém à nossa espera, assim que o barco atracou arrancamos, o dia estava a começar a clarear. Sabia bem pedalar aquela hora, gosto de sentir a chuva a bater na cara, não estava frio e sentia-me um tipo cheio de sorte por estar ali a pedalar pela segunda vez nesta mítica travessia.O Telmo tinha dito que não conhecia bem o caminho até Sines, daí para a frente já o conhecia, eu achei ideal, porque não o queria prender a mim a viagem toda, ele tem um andamento mais rápido e acho que neste tipo de travessia cada um tem de ir ao seu ritmo. Ao chegar à zona que se vira para Santo André eu aproximei-me um pouco para lhe dizer para virar, mas durante a curva a bike dele derrapa e ele cai. Eu estava muito perto, foi por pouco que consegui manter a trajectória e não cair, felizmente nem ele nem a bike se aleijaram muito, apenas umas escoriações nos dois. É claro que todos sabem que os arranhões nas meninas doem tanto como os na pele.Seguimos com um bom andamento até Sines, sem problemas local onde a nossa equipa de apoio devia de lá estar com umas sodocas. Ao chegar recebo um telefonema a dizer que estavam a sair de Setúbal. Lá continuamos a toque de barras.Por falar em barras, depois de levantar o impermeável, contornar a correia da camelbak, controlar a bike só com uma mão se tivesse a sorte de meter a mão no bolso certo, ganhava uma barra. Era difícil…Passamos Vila Nova de Mil Fontes, e ligaram-me a dizer que estavam na zona de Sines, eu já começava a pensar que afinal o Zenão tinha razão com o seu paradoxo da lebre e da tartaruga. Lá meti mais uma barra e continuamos, o Telmo também pelo que sei este mês não vai poder ver mais barras.Quando chegaram estávamos na zona onde se vira para o cabo sardão.Soube tão bem aquelas sandes.

Mas ainda faltava uns 80Km e tinha que se andar.O tempo piorou bastante, eu recordava ter aqui falado da frente fria, e cada vez que piorava eu pensava, cá está ela, eh eh eh

Daqui para a frente foi apenas gerir o esforço, recordava alguns locais que tinha passado o ano passado a 25Km/h e neste dia para andar a 15Km/h já era complicado

Quando se está só no meio da tempestade, é sempre muito reconfortante ouvir uma voz amiga a dar-nos apoio. Quero agradecer todos os telefonemas de apoio que recebi, foram muito importantes.

A minha chegada, o vento mais forte foi mesmo na fase final, era muito difícil manter a bike a direito. Tentava inclina-la para compensar, mas como era em rajadas também isso era complicado.

Foi sem duvida um recorde de permanência molhado, contando que ao longo de todo o caminho nunca deu para secar.Foi com uma grande emoção que passei a placa de Sagres e segui para o largo do posto de turismo.Quero dar os parabéns a todos os que chegaram ou não a Sagres. O importante é tentarmos sempre nos superar a nós próprios. Desde que se atinja esse objectivo, então valeu a pena.Para o ano, mais uma vez, quer faça chuva ou faça sol, lá estarei, talvez completamente em autonomia, sem carro de apoio, esse é o meu próximo objectivo.